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TOP 10 de 2018: Não Ficcão












1- "A Língua Resgatada", "O Jogo de Olhares", "O Archote no Ouvido", de Elias Canetti (Cavalo de Ferro)

A Língua Resgatada – uma história da juventude" é o primeiro de três volumes, todos editados pela Cavalo de Ferro. Em criança, Canetti vivia num prédio em que um inquilino tinha o estranho hábito de lhe pedir que mostrasse a língua para ele a poder cortar. "Eu deito a língua de fora, ele leva a mão ao bolso, tira um canivete, abre-o e quase encosta a lâmina à minha língua. No último momento afasta a faca, diz: "Hoje ainda não, amanhã" Surtiu efeito, pois "a criança manteve-se calada durante dez anos. É o início da trilogia que passa pela admiração do autor por Karl Kraus, seu mentor e a paixão por Veza, sua primeira mulher.; abrange desde o contexto político até às incidências mais domésticas, dos problemas universais até às feridas abertas na sua vida pessoal. O tríptico bigráfico de Canetti revela o biografado e descreve a importância de figuras dessas épocas, como Mahler, Musil ou Broch.

Um monumento literário publicado em 2018. Consideremo-lo como um livro em três partes. Um "must have" de 2018. Livro (s) do ano para Planeta Livro.






4 - O Livro Por Vir (Relógio d`Água), de Maurice Blanchot
Livro quase sempre presente nos programas académicos de literatura tem precisamente a literatura como centro de análise. Blanchot responde a um desafio deixado por Barthes, em "O Grau Zero da Escrita". Que possibilidades são levantadas pela literatura?
Musil, Proust, Broch são alguns dos autores analisados na procura de Blanchot por o inefável que os une. Uma reedição muito bem-vinda. Deseja-se que o tempo não revele os problemas estruturais da edição anterior (páginas que rapidamente se soltaram)




5 -"Elogio da Sede" (Quetzal), de José Tolentino de Mendonça

 O livro agora publicado pela Quetzal reune as 
meditações que acompanharam os Exercícios Espirituais do Papa Francisco, autor do prefácio e do posfácio, durante a Quaresma.
"Espanta-te ainda, espanta-te mais uma vez".'É recordando o Evangelho segundo São João que Tolentino de Mendonça inicia um livro que nos faz indagar e espantar.
"Dós moi peîn" (dá-me de beber») compreende várias sedes. Que uma seja a do leitor. 





6 - "Por Amor à Língua" (Objectiva), de Manuel Monteiro 

Ainda estamos nos primeiros capítulos e logo percebemos duas situações: Ora ficamos confortados por saber que não cometemos tais erros, ora coramos com a própria ignorância.  De forma divertida e pedagógica, Manuel Monteiro tem em “Por Amor à Língua-contra a linguagem que por aí circula” um livro que concilia a funcionalidade com o aspecto mais recreativo. 




7 - "A Ordem do Tempo" (Objectiva), de Carlo Rovelli

Rovelli, indicado como o novo Stephen Hawking, aponta para a perda de unicidade. O mundo é feito de eventos, de “grãos”, não de coisas. É no âmbito da física quântica que o autor procura compreender o tempo e a gramática elementar do mundo.
Rovelli, com ajuda das palavras de Horácio, nunca esquece o leitor, nem abandona a pedagogia, quando desmonta a nossa intuição. É uma das razões para o livro resultar tão bem: o leitor faz parte da comunicação. 




8 - "A Vida Secreta da Mente" (Temas e Debates), de Mariano Sigman 
Mariano Sigman vê o cérebro desde o local onde o pensamento começa a ganhar forma. Este livro é o resultado de uma combinação de disciplinas, que vão desde a psicologia, a neurociência, biologia, física, matemática, antropologia, linguistica. Também de cozinha, ilusionismo, música, xadrez e literatura.
O objectivo? "Descobrir a nossa mente para nos compreendermos inclusive nos mais pequenos recantos que fazem quem somos"






9 - "O Horror da Guerra" (Temas e Debates), de Niall Ferguson

Niall Ferguson, autor inglês, tem no seu 'O Horror da Guerra' mais um exercício claro e preciso no conjunto das suas obras. Foi a literatura produzida pela guerra, e lida na universidade, que o convenceu a ser historiador. A linguagem desta obra é muito acessível, denotativa, tornando o livro numa leitura fluida e com possibilidade de abranger público não especializado.






10- "A Mente Aprisionada" (Cavalo de Ferro), de Czeslaw Milosz 
"A Mente aprisionada", livro maior de Czeslaw Milosz (1911-2004), foi escrito entre 1951 e 1952. Situou-se contra a corrente intelectual francesa que não tinha uma perspectiva benéfica sobre o novo mundo de Leste, oponente dos EUA, governado por Estaline. O autor lituano propõe-se a debater a "vulnerabilidade da mente de século XX perante as doutrinas sociopolíticas e a sua predisposição para aceitar o terror do totalitarismo em nome de um futuro hipotético".   Mantém-se actual.




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