Chamemos-lhe tribo.
A partir de certo momento da nossa vida, passamos a pertencer à tribo do livro. Desde aquele dia em que articulámos sons num sopro, sons que deram oxigénio às palavras de um livro, passámos a pertencer aos “maluquinhos dos livros”.
Para uns, o livro quase passa por um conhecido distante por quem não se tem afinidade. Ainda assim, está presente e faz-se notar quando há necessidade de abrandar a velocidade imposta pelas notícias curtas, o “scroll” por imagens, os “posts” reduzidos a ideias saturadas de produção industrial.
Os livros não impõe; os livros propõem.
“Também Massimo Recalcati, psicanalista e escritor italiano, defende que «um livro fechado é, na verdade, um contra-senso: não é um livro. Como o mar, o livro é uma imagem extraordinária do “aberto”. Abre o mundo em vez de o fechar. Um livro é um mar e não um muro».»
A proposta apresentada é de parceria. O leitor é chamado para complementar o sentido. É um trabalho de grupo, esforçado e lento.
As ligações são mais ricas quando mais e melhores são as leituras.
“O Vício dos Livros II”, de Afonso Cruz, promove relações entre ideias e autores que irão favorecer cada interpretação posterior.
Na escrita desses textos está a sensibilidade e a inteligência naturais no escritor nascido na Figueira da Foz.
São 41 textos que iluminam as próximas leituras.
O segundo volume de “O Vício dos Livros” compreende textos sobre “A Leitura e a oralidade”, “Ler é uma oração”, “A paixão pelo livro” ou “Ler ou não ser, eis a questão.”
É um livro para amantes de livros, mas com capacidade sedutora para angariar mais uns “maluquinhos” que gostam de ficar horas a decifrar palavras e textos para conhecer pessoas imaginárias mas muito humanas.
“O Vício dos Livros II” fala diretamente com o leitor; fez-se claro e de portas escancaradas. Afastou o hermetismo e preocupou-se em dialogar.
Resultou numa obra que espelha um amor comum, o amor dos leitores por este organismo mágico, livre e vivo que se chama livro.
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